Abrindo uma cápsula do tempo
Dago Schelin é um brasilemão. Alguns dos seus antepassados emigraram da Alemanha para o Brasil em 1911. Dago mora desde 2013 em Marburg e, com o relembrar da língua alemã, voltam também à lembrança canções alemãs de sua infância. São canções que sua mãe e sua avó cantavam. Algumas são conhecidas como Guten Abend, Gute Nacht de Brahms. Outras sequer o quase-onisciente Google conhece. Boa parte das músicas já nem são mais lembradas pelo povo alemão. Mas foram guardadas, como numa cápsula do tempo, por gerações de imigrantes no Brasil. Alguns dos textos e canções encontram-se num caderno da bisavó do Dago, Rosa Hetzel, escritos há cem anos. São memórias guardadas à moda antiga cuja herança ressoa até hoje, distribuída entre tantos filhos, netos, bisnetos e tataranetos, boa parte dos quais vive no Brasil. Este trabalho, portanto, vai além da gravação de um CD. Trata-se de um resgate histórico dos imigrantes no começo do século XX no Brasil. Não se trata de saudosismo ou nostalgia, mas de valorização do que é belo e de contextualização e novas fusões. Nesse âmbito, misturar bossa nova com letra alemã é simplesmente tudo de bom. A busca por músicos alemães que conseguissem tocar música brasileira fez com que Dago encontrasse o músico e produtor Peter Herrmann. Já no primeiro encontro ficou claro o quanto dois aspectos musicais aparentemente tão contrários podiam combinar. Num estilo brasileiro, as antigas canções folclóricas alemãs soam refrescantemente novas. Descobrem-se novas facetas nas antiguidades. Guten Abend, gute Nacht soa como se Brahms a tivesse composto em Copacabana nos anos 60. E Hejo, spann den Wagen an vira um samba que quando se canta todo mundo bole. Depois de ouvir alguns ensaios, tanto os amigos brasileiros quanto alemães concordaram que Dago e Peter deveriam investir nesse projeto e torná-lo realidade. Segundo eles, essa música soa natural e única. Dago Schelin: Violão, Voz. Peter Herrmann: Baixo Olaf Roth: Piano Moritz Weissinger: Bateria German Marstatt: Trompete |
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